Cientistas debatem semelhanças entre doenças de humanos e animais




Uma conferência realizada em Nova York, nos Estados Unidos, reuniu médicos e veterinários interessados em explorar doenças que afetam tanto humanos quanto outros animais.

Chamada “Zoobiquity”, a conferência recebeu o nome do livro da cardiologista Barbara Natterson-Horowitz, do Centro Médico da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), que afirma que 60% das doenças encontradas em seres humanos também afetam a maioria das espécies animais.

Participaram do evento cientistas de instituições renomadas, como a UCLA, o Memorial Sloan-Kettering Cancer Center e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

“Acredito que vou aprender coisas de médicos que atendem humanos que poderão ser imediatamente aplicadas a meus pacientes animais, e talvez eles aprendam coisas comigo que poderão ser aplicadas em pacientes humanos”, disse Richard Goldstein, chefe do Centro Médico Animal de Nova York, antes do evento de sábado.

O pesquisador Larry Norton, do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, uma autoridade mundial em câncer de mama, apresentou informações sobre as causas e tratamentos para a doença, que é prevalente tanto em mulheres mais velhas quanto em tigres siberianos e outros grandes felinos selvagens.

Os cientistas também discutiram o caso de um gorila macho com um distúrbio que leva a convulsões; a ocorrência de tumores em furões domésticos e a situação de um leão marinho da Califórnia com distúrbio alimentar.

Outra doença compartilhada entre humanos e outros animais que foi discutida na confer foi a ocorrência de malária em pinguins e em homens, e como ela se espalha pela população de pássaros no deserto.

Goldstein observou que veterinários podem estudar tratamentos inovadores em animais que podem não ser legalmente autorizados em humanos. 

Alguns desses tratamentos estão sendo agora utilizados em homens, incluindo uma vacina contra melanoma desenvolvida para cachorros no Centro Médico Animal de Nova York que está sendo aplicada atualmente em pacientes do Sloan-Kettering.

“Animais são modelos para doenças humanas e, porque sua expectativa de vida é mais curta, a progressão da doença é mais óbvia”, disse Goldstein. 

Outro aspecto especialmente útil para a medicina humana é como os veterinários abordam problemas psicológicos e comportamentais, já que seus pacientes não falam, assim como humanos com demência ou com Alzheimer podem não ser aptos a se comunicar.

“Veterinários estão tratando animais com ansiedade ou transtorno obsessivo-compulsivo, distúrbios de alimentação e vícios – como cangurus comendo papoulas”, diz a cardiologista Barbara Natterson-Horowitz. “Eles olham fatores genéticos, ambientais e estresse e isso pode servir de informação para casos humanos”.

Barbara começou o diálogo entre medicina humana e animal há cerca de uma década, quando o Zoológico de Los Angeles pediu à professor da UCLA para ajudar a diagnosticar problemas cardíacos em alguns primatas.

“Eu era uma cardiologista típica, lidando com infartos, fibrilação atrial e colesterol alto”, ela diz. 

“Isso abriu meus olhos para o conceito da saúde única: todos os médicos podem ser pensados como veterinários, já que todos os pacientes são animais”, diz


Fonte: G1

Comentários