Filhote de peixe-boi foi resgatado pelo Instituto Mamirauá na divisa dos estados do Acre com o Amazonas
Pesquisadores do Instituto Mamirauá resgataram um filhote de peixe-boi que estava na divisa entre os municípios de Cruzeiro do Sul (AC) com Guajará (AM), no domingo (26/1).
Chamada de Valentina, o espécime estava desidratado e apresentava diversos pequenos ferimentos. Depois de três horas e meia de viagem em um avião monomotor, chegou a Tefé (AM), onde foi encaminhada para uma bateria de exames.
Valentina não corre nenhum risco de morte e foi transferida para o quarentenário do Centro de Reabilitação de Peixe-boi Amazônico do Instituto Mamirauá, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, no dia 28 de janeiro.
Com cerca de um mês de vida, o animal havia sido encontrado por moradores de uma comunidade no município de Guajará (AM), e entregue ao prefeito.
Ele acomodou Valentina em um cercado construído em açude nos fundos de sua casa, e acionou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Cruzeiro do Sul (AC).
"Ela estava em um local adequado. Porém, quando chegamos, verificamos que o animal estava ferido, desidratado e abaixo do peso. Agora estamos hidratando-a com soro e oferecendo uma fórmula de leite que se assemelha ao que é produzido pela mãe, a cada três horas", comentou Miriam Marmontel, coordenadora do projeto Aquavert, desenvolvido pelo Instituto Mamirauá, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental.
Valentina foi submetida a exames de ultrassom e raio-x. Inicialmente, os pesquisadores suspeitavam que o animal tivesse sido alvejado por caçadores.
"Suspeitávamos que os machucados fossem de balas. Se ela tivesse algum resquício de chumbo alojado no corpo poderia ser um problema futuramente.
Porém, conversando com as pessoas, descobrimos que quando ele ficou na comunidade, muitas pessoas ficavam em cima deste animal, e indivíduos podem tê-la machucado com objetos perfurantes. Logo, fizemos testes só para ter certeza que as marcas não eram de tiros", explicou a coordenadora.
Apesar dos machucados, a filhote está se adaptando ao novo ambiente e se alimentando bem. "A amamentação é um grande problema. Muitas vezes um peixe-boi leva um mês para começar a mamar na mamadeira. Ela já está mamando no primeiro dia", elucidou o médico veterinário do Instituto Mamirauá, Guilherme Guerra Neto.
"No Centrinho [Centro de Reabilitação autorizado pelo IBAMA], os peixes-boi são amamentados por dois anos. Após esse período, eles são desmamados e fazemos um trabalho de desapego.
Eles têm que se desapegar das pessoas, já que, se isso não ocorrer, eles tenderão a procurar um humano em busca de leite ou de carinho, e essa pessoa poderia ser um caçador.
Valentina ficará em quarentena, inicialmente, para vermos se ela não tem nenhuma doença que possa ser transmitida aos outros sete animais em reabilitação.
Depois de um período de tratamento e crescimento, ela passará para o tanque com os demais peixes-boi que estão no Centrinho", finalizou Marmontel.
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